escrevi quando não sabia o que dizer
CARTA 1 -TUDO QUE EU QUERIA TE DIZER
ao poeta que me esquentou inteira
O amor em mim hoje é um. E depois que você chegou eu já estava integrada. Inteira. Eu tenho em mim um surto de ser só. Como se eu pudesse viver a vida inteira desfrutando do um. Sempre junto e sempre só. Depois da travessia onde a viagem é a recompensa, meu espírito ganhou vida e eu não sei mais como é ser dois. Dois corpos no um da minha intimidade. Achei que seria mais fácil e você me assusta. Quando me olha, me devorando a alma, lambendo, gemendo corpo a fora compreensão a dentro. Eu fico estática, anestesiada e muito tímida as vezes, mas eu disfarço bem, tu nem nota. Sozinha eu fico rindo dos pensamentos bobos que eu não consigo dizer. Porque assusta, dois corpos vivendo no um da minha intimidade.
Eu não consigo pensar em nenhuma poesia pra te dizer.
Depois da travessia que virei - uma - menos palavra e mais presença é como desfruto de amor. É como no íntimo eu sou, mas quem me alcança se desaprendi a ser dança de dois no um da minha intimidade?
Desculpa, talvez eu não tê poemas agora mas se tu se serviu do amor próprio minhas palavras já não precisam de auto afirmações para te compor beleza, tu é, tu é mas ei amor você se encontra no um? Viu sua alma hoje?
Porque não sou como antes,
poeta fingidor
finge tão bem
que é amor -
e desse transbordo tu também é feito por isso te peço com jeito
tenha calma poeta
ande em linha reta
pra dentro de ti
pra dentro de ti
medita
medita
me diga
se me viu ali
sorri
depois me acha
depois a gente dança
com calma
e
cheio de graça a seguir
mas desculpa se eu nem sempre falar como sinto, eu escrevo, por isso vivo, meu tempo é infinito onde dentro o silêncio que compartilho também é a base de tudo que sou no íntimo, quando olho, quando sou.
Se for com calma me sinto menos assustada.
para tornar-se
-dois - aos olhos do amor
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