o caminho: dói e encanta

 Eu tinha um sonho. O caminho não.

A vida inteira meu grande sonho era ter alguém que olhasse para minha vida e pensasse:

 “ nossa que guria inteligente, vou pagar os estudos dela e sua moradia”

Podia ser meu pai, minha mãe,  qualquer pessoa. Isso nunca aconteceu.

O jeito que encontrei para não ser expulsa de casa com 20 anos, foi passar no Enem. Estudava Engenharia de Produção. Ia para a facul 4 dias da semana e fazia estágio na pref. de Igrejinha. As matérias eram:

Psicologia I

Meio ambiente

Filosofia I

É para dar aquela sensação de que eu sim ia seguir por esse caminho, escolhi cálculo diferencial e integral 1.

Mais porre que a aula era a professora. Debochava de mim quando eu fazia perguntas óbvias, para ela. 

É legal ressaltar que o óbvio não existe. Pq somos acostumados a condicionar o outro com o que é óbvio para nós ? O óbvio não existe e por isso é nosso dever comunicar ao outro sobre nossos processos, sejam matemáticos, lógicos, emocionais, sexuais, amorosos…

Ela ria de mim. Eu ria dela enquanto desenhava em suas aulas. Não aprendi nada. Abandonei o curso depois de 1 ano. Sai de casa. Floripa, cheguei!

Passei na UFSC fazia Letras Português Literatura Brasileira, ual provei pra todos os meus vilões mentais que eu era foda. Pq minha família cagou pra mim. Exatamente nada do que eu fazia parecia me fazer importante pra eles. 

Foi difícil me sustentar e estudar. Admiro muito quem consegue eu não consegui passar do primeiro ano, além de detestar o método dos professores. O descaso. O abandono do campus em 2016. O trovadorismo. Passei muito ódio. Raiva.

Eu só queria estudar e quando olhava para a minha vida nada fazia sentido. Eu tinha 22 anos. Desde lá eu tinha a crença que se estudasse metodologias de aprendizagem, criatividade, emoção , teatro, dança , poesia e espiritualidade eu poderia refletir arte e fazer as pessoas sentirem seu próprio centro interior insatisfeito e belo. Ativar mecanismo de transformação interna com arte. Hoje eu vejo diferente. 

Tirei dois fardos das costas:


1 ajudar os outros

2 fazer faculdade

Conheço muita gente cheia de privilégios que infelizmente não valoriza a grandeza disso. São incapazes de derrubar os muros da proteção, incapazes de sair de si para AGIR pela necessidade do outro. Não sou formada mas em matéria de humanidade e percepção eu gabarito em qualquer lugar escola da vida. Eu sinto muito por viver num tempo que para sobreviver a gente precisa se provar o tempo todo, e como diz um amigo:

“Ninguém quer ficar para trás”. Eu não vivi meu sonho de fazer faculdade . Esse texto ficou bagunçado tipo eu na vida. O desconhecido me atravessa. Caminha que o caminho de abre .

Obs: achei essas fotos e algumas pessoas que foram especiais pra mim nessa fase. Foi aqui em 2015 que sinto que iniciei uma ruptura de cortar os cordões umbilicais familiares e sentir a vida com meus próprios olhos. Dói e encanta.


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